IMORTAL BOM A BEÇA!
25/05/2010 23:36O ano de 2009 estará sempre marcado por grandes perdas no que diz respeito ao campo literário no Amazonas, primeiro foi jornalista e escritor Aldísio Filgueiras e mais tarde um dos mestres da Universidade Federal do Amazonas e membro da Academia Amazonense de Letras, Narciso Lobo.
Como se não fosse o bastante, na madrugada do dia 25 de agosto de 2009, o Amazonas perdeu um dos seus mais honoráveis poetas e uma das pessoas mais respeitáveis do Estado, Aníbal Augusto Ferro de Madureira Beça Neto (13 de setembro de 1946-25 de agosto de 2009).
Beça atuou como repórter, redator e editor em vários jornais da capital. Foi compositor, teatrólogo, diretor de produção da TV Cultura do Amazonas, Conselheiro de Cultura, consultor da Secretaria de Cultura do Amazonas, vice-presidente da UBE-AM (União Brasileira de Escritores), foi presidente da ONG “Gens da Selva” na qual atualmente exercia o cargo de vice-presidente, presidia o Sindicato de Escritores do Estado do Amazonas, bem como o Conselho Municipal de Cultura. Foi membro da Academia Amazonense de Letras, sendo assim, um imortal.
Desde 1968, quando venceu o I Festival da Canção do Amazonas, Aníbal Beça foi colecionando prêmios com mais de 18 primeiros lugares no Brasil e exterior. Conseguiu reconhecimento Nacional com o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira em 1994, com o livro Suíte para os Habitantes da Noite na categoria poesia, concorreu com mais de sete mil inscritos.
Destacou-se também em prol da causa da integração cultural latino-americana, seja traduzindo escritores ou participando e organizando festivais e encontros de poesia. Representou o Brasil no IX Festival Internacional de Poesia de Medellín, no III Encontro Ulrika de escritores em Bogotá e no VI Encuentro Internacional de Escritores de Monterrey.
Sua produção poética, além de ter sido saudada por escritores consagrados como Carlos Drummond de Andrade, Wilson Martins e Gilberto Mendonça Teles, já esteve presente e comentada em diversas revistas no exterior, dentre elas a “Mississippi review” (Estados Unidos) e “Lectura” (Argentina).
Beça mesmo ausente em corpo/matéria permanecerá sempre vivo em suas poesias, músicas e em seus diversos trabalhos no qual dedicou toda sua vida em prol da cultura produzida no Amazonas.
**
* Aníbal Beça e Bruna Chagas na AAL 2007 entrega da Medalha Péricles Moraes
VI
Em tom de old-blues para piano, sax, contrabaixo, guitarra e bateria
Quem saberia de mim
se me visse assim como estou
rendido ao aço das manhãs
pastoreando esse meu cão
por essas ruas tão tranqüilas
Que gemelar seria eu
linha paralela de vida
e tão parelha dessas ruas
fagulha dupla de mão única
bifurcada e sem retorno
nos afazeres do meu sonho
Em mim eu sou o que não fui
comigo fui o que não era:
o derrotado nominado
o nominado vencedor
e resta só o testemunho
do cão que me acompanha agora
e dessas ruas que me sabem antes.
(Suíte para os habitantes da noite)
*Bruna Chagas, graduanda do curso de Letras Língua Portuguesa UFAM, E de Comunicação Social JOrnalismo da Faculdade Martha Falcão, é Conselheira Consultiva da CALL e Editora-Chefe da Identidade.
———
Voltar