Acadêmica e Cultural

***Coldplay muda o ritmo da Sapucaí***

02/03/2010 13:07

Rio de Janeiro, às 23h, dia 01 de março.

Elis de Aquino*

 

 

 

O dia 28/02/10 vai entrar para a história das 35 mil pessoas que foram à Apoteose, ou a famosa Marquês de Sapucaí, prestigiar a turnê Viva La Vida da banda inglesa Coldplay. Quem abriu o show foi a banda mato-grossense Vanguart, única atração brasileira. Preciso ser sincera e assumir que nada conheço sobre eles, a não ser que o vocalista é ex-namorado de Mallu Magalhães (atual sra. Camelo). Após a apresentação dos brasileiros, foi a vez de Bat for Lashes, comandado pela simpática cantora Natasha Khan. Dona de uma bela e suave voz ela ensaiou um ‘portunglês’ ao tentar falar "Obrigado" e fez uma apresentação que pouco agradou o público. Estava claro que a noite era mesmo dos bons moços ingleses do Coldplay.
 
 
Ao som de Life in Technicolor, os rapazes subiram ao palco (com 30 minutos de atraso) para delírio dos fãs. (Eu, particularmente fã da banda, preciso admitir que a minha timidez ficou de lado, minha suposta "imparcialidade" jornalística caiu e eu virei apenas mais uma das milhares de pessoas que gritavam e pulavam ao ver os ídolos, com direito a frio na barriga e pernas bambas). Logo após um mix com novos e antigos sucessos, a banda agitou aquele que foi até alguns dias atrás o palco do samba, mas que naquele momento se tornara a passarela do ‘rock politicamente correto’.

 

 
 
Os efeitos especiais deram charme ao show: na música Yellow, balões gigantes caíram em cima da platéia e uma espécie de balé com as mãos começou, enquanto o público cantava o "hino" da banda e brincava com as grandes bolas amarelas. (Nem precisa dizer que a iluminação do momento era amarela). Outra canção que merece destaque pelos efeitos que a acompanharam foi Politik. No compasso das batidas da música as luzes piscavam envolvendo o público numa atmosfera psicodélica, acompanhada de imagens aleatórias exibidas nos telões.
 
Obviamente Viva la Vida, que dá nome ao cd e turnê da banda também merece destaque nesse rápido comentário (que nem de longe pode trazer ao leitor a emoção de estar no show). O "ôôôôôô", parte do refrão do hit tornou-se praticamente um hino de guerra. Durante a espera pela banda, era isso que as milhares de pessoas cantavam, e é claro, ao som dos "sinos de Jerusalém" (para quem não conhece a música e a performance, vale a pena olhar o vídeo clip:https://www.youtube.com/results?search_query=vivva+la+vida+coldplay&search_type=&aq=f) ninguém perdeu a oportunidade de participar de um coro gigantesco. Fix You teve direito à queima de fogos de artifício na parte em que a música diz: Lights will guide you home (luzes vão guiá-lo para casa). Death will never conquer, na fofa voz do baterista Will Champion, pareceu que ia me levar ao interior da Inglaterra, num estilo de música country, enquanto Chris tocava gaita.(Detalhe: nesse momento a banda já havia se dirigido à um palco próximo ao público que não pode pagar os R$500 da pista VIP). Strawberry Swing é outra música doce, que levou o público a cantar em uníssono a parte que diz: now the sky could be blue,I don't mind, without you it's a waste of time (Agora o céu pode ser azul, eu não me importo, sem você isso é perca de tempo).
 
Para finalizar o repertório, que obviamente teve Clocks, In my place, The Scientist, e as recentes 42,Glass of Water,Death and All His Friends, os fãs puderam ouvir Don Quixote, novo single dos ingleses,(neste momento a banda pediu para que o público ligasse os celulares e participassem do efeito visual, cujo resultado pôde ser visto no telão: 35 mil estrelas brilhando na Sapucaí)  e  Lovers in Japan, cujo efeito mais esperado era a "chuva" de confetes em formato de borboleta.

 
 
Não dá para explicar em tão poucas linhas tudo o que foi a noite deste último domingo. A presença de palco e simpatia da banda, cujo líder arriscou um português (muito fofo, diga-se de passagem), ao dizer palavras como: obrigado, tá todo mundo bem  - jargão que ele sempre diz em inglês durante os shows, arrancaram gritos da galera, enquanto Chris desfilava com a "canga de praia" com a bandeira do Brasil, ou cantava segurando um ursinho de pelúcia com a camiseta do país, conquistando ainda mais um espaço no coração dos brasileiros.
 
Coldplay é isso: vi gente de salto alto, muita roupa, pouca roupa (detalhe: estava chovendo no momento do show) e roupa digna de madrinha de casamento. Gente com cara de doido, gringo, velhos, jovens, crianças acompanhadas de seus pais, maconheiros (que por pouco não me deixaram anestesiada com suas baforadas), galera do metal usando camisa do Kiss, gente bonita, sem noção... nossa!
É impressionante como nesses momentos todos ficam unidos por um único sentimento, um único objetivo, e até estranhos tornam-se amigos ‘relâmpago’. Pude ouvir pessoas conversarem como se fossem conhecidos de infância, e ao final trocarem um: “prazer, entra em contato, meu nome é fulano...”; ou (como aconteceu comigo), confiar sua câmera digital a um completo desconhecido na rua e pedir para que ele tire fotos sua com seu amigo próximo ao pôster da banda, e depois você faz o mesmo, e ainda opina sobre a foto do outro!

 
 
Meus sinceros lamentos para quem não gosta da banda e precisa dizer algo ruim sobre os rapazes, como: eles são repetitivos, melancólicos, etc. Eles foram ótimos e deixaram uma marquinha especial para mim. Estou com um gosto de "quero mais" na boca. As músicas não saem da minha mente, ainda sinto como se estivesse lá, e esse momento mágico ficará para sempre registrado na minha memória, o dia em que a até então “Sapucaí do Samba” tornou-se um grande Palco do Rock.

 

Ainda há tempo!!!!Para quem ainda não pode ver a performance do grupo, ainda pode curtir o show que acontece hoje no Estádio do Morumbi em São Paulo, dia do aniversário de 33 anos de Chris Martin. 
 
 
Confira o set list do Coldplay no Rio: 

Life in Technicolor
Violel Hill
Clocks
In my place
Yellow
Glass of Water
Cemeteries of London
42
Fix You
Strawberry Swing
God Put a Smile upon Your Face
The Hardest Part
Viva La Vida
Lost
Shiver
Death Will Never Conquer
Don Quixote
Politik
Lovers in Japan
Death and All His Friends
The Scientist (bis)
Life in Technicolor 2 (bis)
 
 
*Elis de Aquino - estudante de História da UFF e de Jornalismo da UFRJ, repórter do Jornal Destak Rio.
 
www.bancadigital.com.br/destakrj/reader2/

 

 

 

 

 

Voltar

Pesquisar no site

© 2010 Todos os direitos reservados.